Como Sair das Dívidas, Construir uma Reserva de Emergência e Começar a Investir
Pagar todas as dívidas e evitar contrair novas é fundamental para alcançar a estabilidade financeira e, eventualmente, a independência financeira. Muitas pessoas acreditam que a pobreza está relacionada ao quanto se ganha, mas, na verdade, é mais sobre como se gerencia o dinheiro que se tem. Neste artigo, vamos discutir como quitar dívidas, a importância de uma reserva de emergência e os primeiros passos para investir, mesmo ganhando pouco.
Entendendo o Verdadeiro Significado de Ser Pobre
Muitas vezes, associamos pobreza a baixos salários. No entanto, existem pessoas que ganham R$ 1.000, R$ 5.000, R$ 10.000 ou até R$ 30.000 por mês e ainda assim vivem endividadas e financeiramente instáveis. O verdadeiro pobre é aquele que está endividado, sem dinheiro no banco, e que trabalha o mês inteiro apenas para pagar boletos. Não importa o quanto se ganha se o dinheiro é mal gerenciado.
Para sair da pobreza, é essencial quitar todas as dívidas e evitar contrair novas. Isso libera o salário para ser usado de forma consciente, permitindo que você compre o que precisa sem se endividar. Quitar dívidas é o primeiro passo rumo à liberdade financeira.
A Armadilha das Dívidas e o Uso do Cartão de Crédito
Uma crença limitante comum é que o pobre não consegue conquistar nada sem se endividar. Isso é um mito. É perfeitamente possível alcançar objetivos sem recorrer a empréstimos ou cartões de crédito. O problema é que muitas pessoas utilizam o cartão de crédito de forma descontrolada, comprometendo grande parte do salário com a fatura mensal. Com metade do salário já comprometido, torna-se difícil comprar qualquer coisa à vista.
Segundo uma pesquisa de 2019, a fatura média do cartão de crédito no Brasil era de aproximadamente R$ 1.066, enquanto o salário mínimo na época era de cerca de R$ 1.045. Isso significa que muitas pessoas gastam todo o salário apenas para pagar a fatura do cartão. Para mudar essa realidade, é essencial “zerar” a fatura do cartão de crédito. Pode parecer difícil, mas com esforço, corte de gastos e, se possível, renda extra, é possível quitar dívidas de R$ 2.000 ou R$ 3.000 em alguns meses.
Após quitar o cartão, você terá mais dinheiro disponível no salário para comprar coisas à vista, evitando novos endividamentos. Por exemplo, se você paga R$ 1.000 de fatura todo mês, em dois meses teria R$ 2.000 para comprar uma TV à vista, sem precisar parcelar ou pagar juros.
A Importância da Reserva de Emergência
Montar uma reserva de emergência é um passo crucial para a saúde financeira. Com uma reserva, você não depende de empréstimos, cartões de crédito, limites ou cheque especial para lidar com imprevistos, como consertar um eletrodoméstico ou cobrir uma despesa médica inesperada.
O valor ideal para uma reserva de emergência é equivalente a seis meses do seu custo de vida essencial. Isso inclui moradia, alimentação, contas básicas como água, luz e gás. Por exemplo, se o seu custo de vida mensal é de R$ 2.000, o ideal seria ter uma reserva de R$ 12.000.
Contudo, para muitas pessoas, juntar R$ 12.000 pode parecer impossível no curto prazo. Por isso, comece com uma meta mais acessível, como R$ 3.000. Com esse valor, você já consegue lidar com emergências comuns, como consertar o carro, trocar a bateria, chamar um eletricista ou um encanador. A partir daí, você pode continuar economizando até atingir o valor ideal.
Onde Guardar a Reserva de Emergência
A reserva de emergência deve estar em um investimento seguro, separado da sua conta corrente, e com liquidez diária, para que o dinheiro possa ser acessado a qualquer momento. Não é recomendável manter a reserva na conta do dia a dia, pois a tentação de gastar é maior, e emergências não avisam quando vão acontecer.
Opções de Investimento para a Reserva
- Caixinhas, Cofrinhos e Porquinhos Digitais: Muitos bancos digitais oferecem a opção de criar “caixinhas” (Nubank), “cofrinhos” (PicPay) ou “porquinhos” (Banco Inter). São contas separadas dentro do seu banco, onde você pode guardar dinheiro para objetivos específicos, incluindo a reserva de emergência. Essas opções geralmente oferecem rendimentos superiores à poupança tradicional, em torno de 9% a 10% ao ano.
- Tesouro Selic: Investimento em títulos públicos federais, considerado o investimento mais seguro do país. O Tesouro Selic tem liquidez diária e rende próximo à taxa Selic, atualmente em torno de 9% a 11% ao ano.
- CDBs com Liquidez Diária: Certificados de Depósito Bancário emitidos por bancos. Alguns CDBs oferecem liquidez diária e rendem mais que a poupança. É importante verificar se o investimento é coberto pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC), o que garante segurança em caso de problemas com a instituição financeira.
- LCIs e LCAs: Letras de Crédito Imobiliário e do Agronegócio são investimentos de renda fixa que também podem oferecer rendimentos atrativos e são isentos de Imposto de Renda para pessoas físicas.
É essencial garantir que o investimento escolhido tenha liquidez diária e seja seguro, para que você possa acessar o dinheiro quando precisar.
Começando a Investir Além da Reserva de Emergência
Após quitar as dívidas e montar a reserva de emergência, o próximo passo é começar a investir para construir patrimônio e, eventualmente, alcançar a independência financeira. Investimentos em renda fixa são um bom começo, mas é interessante estudar e considerar outras opções, como ações, fundos imobiliários e criptomoedas.
Renda Fixa vs. Renda Variável
- Renda Fixa: Investimentos com retornos previsíveis e menores riscos, como CDBs, LCIs, LCAs e Tesouro Direto. Ideais para investidores conservadores ou iniciantes.
- Renda Variável: Investimentos com retornos não garantidos, podendo gerar altos lucros ou perdas, como ações, fundos imobiliários e criptomoedas. Requerem maior conhecimento e tolerância ao risco.
É importante entender que quanto menos você estuda sobre investimentos, mais arriscado pode ser investir em renda variável. Portanto, dedicar tempo para aprender sobre o mercado financeiro é essencial para tomar decisões informadas e evitar perdas significativas.
Evite Parcelamentos e Dívidas Desnecessárias
Parcelar compras, mesmo sem juros, é uma forma de contrair dívidas. Cada vez que você parcela uma compra, está comprometendo sua renda futura. O ideal é juntar o dinheiro e pagar à vista, evitando assim o acúmulo de parcelas que podem comprometer grande parte do seu salário.
Mesmo argumentos como cashback e milhas não justificam contrair dívidas. A prioridade deve ser não dever nada a ninguém, mantendo suas finanças sob controle. Lembre-se: toda vez que você parcela algo, seja uma TV, um livro ou mesmo uma refeição, está criando uma nova dívida.
Foco nas Prioridades e Não em Impressões Alheias
Muitas pessoas caem na armadilha de gastar dinheiro para impressionar os outros, comprando carros caros ou bens de luxo que não podem pagar. É importante usar o dinheiro para melhorar a qualidade de vida da sua família, não para impressionar vizinhos ou colegas.
Viver de acordo com suas possibilidades e focar em objetivos financeiros pessoais é fundamental para sair da pobreza e construir um futuro melhor. Use seu dinheiro para proporcionar conforto e segurança à sua família, em vez de buscar aprovação externa.
Utilize os Recursos Disponíveis para Investir
Hoje em dia, é possível investir diretamente pelo aplicativo do seu banco. Instituições como Nubank, Banco Inter, PicPay, PagBank e C6 Bank oferecem opções de investimentos em renda fixa e variável. Não é necessário esperar ter muito dinheiro para começar; investir mesmo pequenas quantias mensalmente é crucial para construir patrimônio ao longo do tempo.
Comece com o que você tem e no banco que você já utiliza. Familiarize-se com os investimentos disponíveis, perca o medo e adquira prática. Mesmo a poupança, embora não seja o investimento mais rentável, é melhor do que não investir nada.
Aumente Gradualmente Seus Investimentos
Se você começa investindo R$ 300 por mês, tente aumentar esse valor anualmente para acompanhar a inflação e aumentar seus rendimentos futuros. Pequenos aumentos podem fazer uma grande diferença ao longo de 30 anos, ajudando a compensar a perda de valor do dinheiro ao longo do tempo e aumentando significativamente o montante acumulado.
Por exemplo, aumentar 10% do valor investido a cada ano pode resultar em um patrimônio muito maior no futuro. Isso também ajuda a vencer a inflação, garantindo que o dinheiro acumulado mantenha seu poder de compra.
Controle os Gastos Desnecessários
Segundo a Serasa, os maiores gastos dos brasileiros são com alimentação e transporte. Revisar seus hábitos de consumo pode liberar recursos para investimentos.
- Alimentação: Reduza gastos com refeições fora de casa, delivery e compras impulsivas no supermercado. Planeje as refeições e priorize cozinhar em casa.
- Transporte: Avalie se é realmente necessário ter um carro. Os custos com financiamento, combustível, seguro e manutenção podem ser elevados. Dependendo da sua rotina, usar transporte público ou aplicativos de mobilidade pode ser mais econômico.
Outros gastos que podem ser cortados ou reduzidos incluem assinaturas de streaming que você não utiliza, gastos com cigarros e compras por impulso. Foco nas necessidades essenciais e estabeleça prioridades financeiras claras.
Invista Mesmo na Aposentadoria
Mesmo após se aposentar, é importante continuar investindo. Isso não apenas aumenta sua segurança financeira, mas também pode proporcionar renda adicional além da aposentadoria. Com a expectativa de vida aumentando, muitas pessoas viverão décadas após a aposentadoria. Investir ajuda a garantir que você tenha recursos suficientes para manter seu padrão de vida e lidar com imprevistos.
Opte por investimentos que ofereçam boa rentabilidade e segurança. CDBs, LCIs, LCAs e outros investimentos de renda fixa podem ser boas opções, muitas vezes rendendo mais que o Tesouro Direto e com isenção de Imposto de Renda.
Conclusão
Sair das dívidas, construir uma reserva de emergência e começar a investir são passos fundamentais para alcançar a estabilidade financeira. Não importa quanto você ganha, mas sim como você gerencia seu dinheiro. Evite dívidas desnecessárias, priorize gastos essenciais, invista regularmente e, acima de tudo, eduque-se financeiramente.
Com disciplina e planejamento, é possível construir um futuro financeiro mais seguro e próspero. Lembre-se de que riqueza não é medida pelo que você ostenta, mas pelo patrimônio que você constrói ao longo do tempo.
Dicas Finais:
- Eduque-se Financeiramente: Leia livros, assista a vídeos e participe de cursos sobre finanças pessoais e investimentos.
- Estabeleça Metas: Defina objetivos claros de curto, médio e longo prazo para suas finanças.
- Monitore seus Gastos: Acompanhe para onde vai o seu dinheiro e identifique áreas onde pode economizar.
- Busque Renda Extra: Se possível, encontre maneiras de aumentar sua renda, como trabalhos freelancers ou pequenos negócios.
Comece hoje mesmo a transformar sua vida financeira!